Carreira

O esforço por trás do sonho: o paradoxo do copo cheio

Aprendi que, na vida, tudo o que você consegue, se é de verdade, foi com muito suor, luta e gana.

Sou um cara de uma família absolutamente dura de Niterói. Para se ter uma ideia, na minha primeira viagem internacional, para cobrir a Copa do Mundo da Itália, aos 25 anos, eu não tinha passaporte. Fui a primeira pessoa de toda a minha família a tirar o documento, e hoje, além de mim, apenas mais três ou quatro o tem.

No dia do embarque, umas 30 pessoas me levaram no aeroporto, porque para eles aquele era um grande acontecimento. A minha viagem era, também, deles. Tudo sempre foi muito difícil pra gente…

Como cada coisa na minha vida foi conquistada com muito suor, vontade com muito sonho, muito desejo de dar certo, eu valorizo qualquer coisa que eu tenho. Qualquer coisa: um pão, um prego, um carro e, principalmente, os momentos que tenho na minha vida profissional, que são momentos pelos quais eu batalhei pra caramba pra ter. Enquanto muita gente no meu trabalho reclama de trabalhar fim de semana, principalmente muita gente jovem, eu valorizo cada domingo que eu dedico ao meu trabalho, ao jornalismo, ao futebol e à televisão, porque eu sempre quis ser isso, eu sempre lutei por isso, e o processo torna cada momento de trabalho um momento muito especial.

Quando olho pra trás e vejo o que conquistei na vida (conheço 40 países, fiz 7 Copas do Mundo), imagino se ainda falta algo ou se terei qualquer limitação daqui pra frente, pois ninguém sabe suas condições de vida no futuro. Quero trabalhar muito, enquanto muitos pensam em se aposentar.

Eu podia olhar por outro lado… eu podia falar: “pô, desde 86, quando eu virei jornalista, são 31 anos trabalhando! Provavelmente 2 mil domingos inteiros. Isso significa que eu deixei de fazer 2 mil programas com minha família, meus amigos?”.  Mas prefiro pensar que, na realidade, concretizei 2 mil sonhos.

Cada um olha o seu próprio copo da forma que quer, meio cheio ou meio vazio. Eu prefiro olhar o meu sempre cheio! E, ainda assim, tenho a maior fama de mal humorado, de resmungão… mas não sou não, sou exatamente o contrário: sou feliz com o que eu tenho, com o que eu tive e com o que eu ainda posso fazer.

Lédio Carmona é jornalista e comentarista de futebol da Globo e da SporTV

Se sentiu inspirado? Leia, também, os depoimentos do Rafael e do Victor sobre o assunto. Na semana que vem, a Dra. Raquel Vilela vai contar sobre como, de médica a estudante de filosofia, ela percorreu caminhos muito árduos para realizar seus sonhos.

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