Empreendedorismo

Como equilibrar uma empresa humana a um mundo capitalista

Baseada em fatos reais

Essa semana o motoboy da empresa sofreu um acidente. Ele está bem, sofreu alguns arranhões, está com alguns roxos, quebrou os óculos, mas não precisou de atendimento médico além do prestado pelo Siate. A moto foi comprada dias antes, zero quilômetros, ficou destruída, quebrou toda a parte da frente, não anda; Será gasto um quinto do valor dela no conserto, além de capacete e óculos novos E do conserto do outro carro envolvido.

Para o empresário ambas as informações doem. Porque, sim, é excelente que ele não se machucou gravemente. Não apenas porque há uma preocupação real com o bem-estar físico de outra pessoa, mas também porque seria um incomodo enorme ter um funcionário seriamente ferido e arcar com custos de hospital, possível indenização e licença temporária, além dos custos já inerentes ao acidente.

A história pode chocar alguns que se dizem empresários ou empreendedores que não vivem o dia a dia de ter uma empresa, gerir pessoas, formar equipes, manter os lucros, capacitar, re-investir e administrar o andamento geral de tudo. Porém essa é a realidade e o grande desafio de quem quer gerir uma empresa feita de pessoas.

Existem muitas empresas feitas de lucros, de rotatividade, que consideram as pessoas máquinas e só as qualificam pelo volume de produção, afinal é esse o modelo que se tornou mais aceito a partir da Revolução Industrial. De forma geral funciona mais ou menos assim: máquinas trabalham mais que pessoas, logo, é melhor encher de máquinas e tratar as pessoas que ainda restarem como máquinas também. Dessa forma o custo é menor e ganho é maior.

Ao mesmo tempo há uma onda contemporânea em que o que vale mesmo é ser feliz. Com isso o trabalho deixa de ser visto apenas como uma forma de sustento, de ganhar dinheiro para viver bem, e passa a ser também uma ferramenta de conquistar (ou mostrar) a felicidade. É aí que entram as empresas com armários de doces, happy hour sexta-feira, videogame e patinete à disposição dos funcionários. Os salários? Ah, parece que eles não importam tanto quando todo mundo trabalha feliz…

Como encontrar o equilíbrio em meio a tantos modelos e informações diferentes?

“Não seja tão oito ou oitenta”, já dizia minha avó para os meus radicalismos. Às vezes, olhando de fora, pode parecer fácil, mas na rotina é bem complicado saber encontrar o meio termo de tudo. Qualquer líder, chefe, gestor, empresário, empreendedor é antes de qualquer coisa humano. Ser humano significa ser passível de infinitos erros, portador de diversos defeitos, movido a emoções e falível.

Ainda é bom lembrar que esse mesmo líder-chefe-gestor-empresário-empreendedor (muitas vezes tudo junto) lida com outras pessoas, todas elas também humanas, portanto passíveis de infinitos erros, portadores de diversos defeitos, movidas a emoções e falíveis. E isso torna todo o conjunto algumas centenas de vezes mais difícil. Parece que quanto mais pessoas envolvidas, mais distante parece estar o equilíbrio, porque mais universos próprios precisam se ajustar para que o andamento geral esteja equilibrado.

O desafio é constante, não há uma fórmula mágica, nem um topo de montanha para alcançar, o ponto de chegada é uma utopia. O equilíbrio precisa ser buscado diariamente em cada pequena ação e eventualmente (com frequência maior do que você deseja) acontecerá algum imprevisto para testar a capacidade de manter o equilíbrio.

É nessas horas que vale o respirar fundo, meditar alguns minutos, contar até 10 por dez vezes, tomar um copo de água, qualquer coisa que possa ajudar a manter a calma e pensar racionalmente nas melhores decisões. Entra aí a questão de qual é a melhor decisão, porque normalmente ela não é muito clara, mas vamos dizer aqui que seja uma decisão coerente com os valores que você constrói com a sua equipe e alinhada aos objetivos da empresa.

Todas as crises nos desafiam e também nos ensinam a sermos melhores. É isso que precisamos ter em mente para seguir em frente e passar por cima das adversidades. Por isso é importante sabermos de forma clara quais são nossas crenças e valores, como queremos lidar com nossos parceiros e colaboradores e o que queremos construir.

Não tem como evitar: às vezes uns detalhes sairão do planejado. Fato! E quando isso acontecer a certeza de que as atitudes tomadas vão ao encontro da construção de um mundo melhor vai ajudar a dormir à noite. No fim das contas a gente descobre que o equilíbrio perfeito não existe, o que há é a busca e aprendizado constantes.

 

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