Carreira

Profissões em alta: o LinkedIn errou?

Você se lembra do início de 2020, em que tudo parecia bastante normal e a vida corria um fluxo mais ou menos igual a todos os anos? Parece que estamos falando de anos atrás, né? Toda a loucura sem precedentes que ocorreu depois de março pareceria impossível, se alguém tivesse nos dito, em 2019, o que estava para acontecer…

Se tem alguma coisa que aprendemos, uma habilidade realmente útil, nos últimos seis meses, foi desenvolver o ceticismo quanto a previsões. Cá entre nós, isso já tinha que ser extinto há muito tempo. Essa necessidade de controlar o futuro nasceu quase com nossa geração, exposta ao horóscopo, Walter Mercado, Mãe Dinah, listas de coisas em alta ou qualquer outro recurso capaz de nos direcionar rumo ao desconhecido.

Hoje, vemos que não adianta. Simplesmente, não adianta.

Não adianta tentar falar sobre o que será dos próximos seis meses de 2020. Ninguém sabe. Ou como os países estarão em relação à COVID-19 nas Olimpíadas do ano que vem (que abriram um precedente histórico por não serem esse ano). Será que você viverá “normalmente”, de novo, antes de 2022?

Mas, como não conhecíamos a imprevisibilidade causada por uma pandemia de escala mundial, no século XXI, até janeiro nossa vida era essa: pensar tão à frente, mas tão à frente, que nos esquecíamos de viver no agora.

Mas, antes de desenvolver esse papo (que é bem interessante e merece um texto só pra si), vamos fazer uma análise de um post do LinkedIn do início do ano, em que a plataforma enumera as profissões para ficar de olho durante 2020. Esse é nosso exercício prático para que você não só repense a necessidade de controlar o que há de vir como, também, reflita sobre persistência.

2020 deu ruim para (quase) todo mundo, mas não deixe que o imprevisível te desanime a tentar outra vez.

Profissões em alta no Brasil, segundo o LinkedIn

A lista que a plataforma soltou com sua previsão profissional contava com 15 frentes de trabalho. São elas:

  1. Gestor de mídias sociais
  2. Engenheiro de cibersegurança
  3. Representante de vendas
  4. Especialista em sucesso do cliente
  5. Cientista de dados
  6. Engenheiro de dados
  7. Especialista em Inteligência Artificial
  8. Desenvolvedor em JavaScript
  9. Investidor Day Trader
  10. Motorista
  11. Consultor de investimentos
  12. Assistente de mídias sociais
  13. Desenvolvedor de plataforma Salesforce
  14. Recrutador especialista em Tecnologia da Informação
  15. Coach de metodologia Agile

Os dois primeiros setores de trabalho da lista foram incisivos. Com o ambiente virtual se tornando o único ambiente possível para o comércio de diversos tipos de produtos e serviços, gestores de mídias sociais continuam trabalhando pesado – e, em alguns casos, até com demandas extras.

As tentativas de invasão cibernética também aumentaram muito durante a quarentena, no mundo todo, o que fez com que os especialistas em engenharia segura para hardwares também mantivessem sua posição em prestígio.

Outros itens da lista, principalmente nas linhas de TI, vendas e assistência ao cliente, iriam ser muito requisitados, segundo o LinkedIn, principalmente por startups. Contudo, as empresas de inovação foram as primeiras a anunciar grandes demissões, já que muitas delas tiveram queda vertiginosa em sua prestação de serviços.

Motoristas de aplicativo, por exemplo, viram a demanda despencar após o decreto de pandemia pela OMS. Afinal, ninguém mais estava (ou deveria estar) saindo de casa, senão em absoluta emergência.

O LinkedIn considerava, e com razão, esse mercado promissor e aquecido, dado seu histórico de aumento anual. Contudo, em março, a Uber anunciou a investidores a baixa na demanda, que chegava a 70% em algumas cidades dos Estados Unidos. O cenário desmontou não só as estratégias dos acionistas e da própria empresa, mas o planejamento financeiro de milhões de profissionais autônomos que faziam sua renda pela Uber.

Para os profissionais de sucesso do cliente, o LinkedIn previu que, com o aumento das demandas realizadas por inteligência artificial, a habilidade humana de interação seria essencial. A análise foi feita sem defeitos, mas… tem algo aí que, certamente, os recrutadores da plataforma não estavam considerando.

O sucesso do cliente, hoje, vai muito além do que ia em janeiro – e olha que já ia bem longe! Especialistas trabalhavam em planejamentos, estratégias e assistências pontuais para gerar resultado, e isso era o que se esperava deles. Agora, além de tudo isso, há, ainda, a necessidade de entender o cliente do cliente. Como ele enxerga o “novo normal”? Quais são seus novos critérios de compra (que influenciam diretamente o resultado)? O que eles consideram supérfluo hoje que, antes, estava na lista dos indispensáveis?

E, do ponto das empresas, prestadoras de serviço, quem diria que muitos escritórios tradicionais tirariam de cena o trabalho em sede física, baseado em horas-bunda, para aderir ao home office? O desafio foi grande – tanto para as organizações quanto para os colaboradores, que tiveram que aprender a se adaptar a um ambiente caseiro de trabalho em que, muitas vezes, o computador é dividido com os filhos em aula online.

O LinkedIn cita apenas o coach de metodologia Agile, que é intrínseca a muitas áreas de tecnologia da informação, inclusive citadas na lista de previsões. Como trata-se de uma cadência de processos, pode ser que essa profissão continue, realmente, em alta.

Mas 2020 é um bom momento para repensar outros tipos de coaching, principalmente aqueles que baseiam toda a sua plataforma de treinamento em motivação e excelência pessoal. Primeiro, porque, claramente, existem fatores lá fora que não controlamos – capazes de esmagar nossos planos em questão de dias.

Ou você já achou que iria passar um ano inteiro dentro de casa não porque queria, mas porque seria obrigado? Viagens, mudanças, passeios no parque, tudo foi adiado indefinidamente.

O segundo motivo para rever muitas metodologias dentro desse grupo de coach é que, como esse momento é sem precedentes na história moderna, não há padrão de produtividade ou improdutividade aceitável. Cada um está aprendendo a dançar conforme o ritmo da própria música, e forçar alguns setores do mindset – tipo “joga pro universo” ou “eu posso eu quero eu consigo” – pode não rolar.

Pior: pode levar muita gente a um estado de ansiedade maior do que antes de 2020 acontecer.

Habilidades técnicas e habilidades humanas

Nosso veredito: o LinkedIn não errou em tudo, mas errou em algumas previsões – e errou, principalmente, em nos fazer acreditar que a vida era previsível. Pra sermos honestos, muita gente nos enganou nessa, incluindo nós mesmos.

A lição é: desenvolva suas habilidades pessoais para ser antifrágil quando as merdas acontecerem, pois elas acontecerão. Essa é nossa única certeza. As habilidades técnicas são importantes, claro, mas elas podem se fazer inúteis de uma hora pra outra.

E isso nem o LinkedIn, nem a Globo e nem ninguém mostra. A gente só vive a antifragilidade na prática, quando o momento se apresenta.

Portanto, lembre-se sempre de desenvolver suas habilidades humanas tanto quanto trabalha as específicas da sua área de atuação. Elas não são conflitantes; ao contrário: se complementam.

Aqui no site da Profissas você vai encontrar artigos e exercícios práticos para o desenvolvimento das principais habilidades para torná-lo antifrágil, além de materiais gratuitos que podem te ajudar a aprimorar ou descobrir novas técnicas de vida e trabalho.

 

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