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Inclusão LGBT no mercado de trabalho: precisamos falar sobre isso

O ano é 2017. Mas, se dermos uma olhadinha bem criteriosa nos números de empregabilidade apontados por algumas pesquisas, vamos nos sentir um pouco perdidos no tempo. O retrocesso atinge em cheio a questão da inclusão LGBT no mercado de trabalho, e é justamente para virar essa mesa que precisamos falar (e muito) sobre o assunto.

Dois estudos recentes, feitos em 2015, mostram que as falhas nessa matrix do mercado de trabalho acontecem com mais frequência do que deveriam – e, por outro lado, fazem com que cada vez mais pessoas tenham a tendência de esconder sua opção sexual por medo de perder o emprego.

O levantamento feito pela empresa de recrutamento Elancers, em 2015, mostrou que 18% dos recrutadores de 1.500 empresas em todo o Brasil não contratariam uma pessoa homossexual para algum cargo.

Já a consultoria de engajamento Santo Caos fez, no mesmo ano, uma entrevista com 230 profissionais LGBT de 14 estados, na faixa etária de 18 a 50 anos, compondo um rol de diversos segmentos. Desse universo, 40% já disseram ter sofrido discriminação direta por sua sexualidade e todos – sem exceção – relataram o constrangimento da discriminação velada.

Mas como pode o mercado de trabalho ser, ainda, tão hostil com a inclusão LGBT em diversas frentes se, no Facebook, a maioria dos seus amigos publicam textões em prol da causa LGBT e colocam filtros nas fotos que propagam a diversidade? Mesmo que seja impossível saber a real proporção entre uma coisa e outra, a resposta vai ser a mesma, com a mesma simplicidade de sempre: preconceito.

Não há, na ciência, nenhum estudo que comprove que uma pessoa homossexual é menos capaz do que uma heterossexual em desenvolver alguma tarefa. Por isso, não há o menor sentido em recrutar profissionais baseado nas pessoas com quem eles se relacionam. O que faz com que a oferta de oportunidades seja tão discrepante, ainda que velada, é o medo da diversidade.

Ou, na palavrinha para a qual os chatos torcem o nariz, reclamando do “excesso de politicamente correto”, homofobia.

Inclusão LBGT deve ser discutida aos olhos da lei?

A Constituição Brasileira garante a todas as pessoas o direito fundamental à vida e à participação em sociedade com o título de cidadão. E quando as oportunidades começam a faltar não porque a pessoa não tem a capacidade técnica para um cargo, mas porque é gay, lésbica, bissexual, travesti, transexual ou transgênero, seus direitos fundamentais são tolhidos.

Por isso, sim, a inclusão LGBT no mercado de trabalho e em tantas outras frentes deve ser discutida com base nos pilares da justiça e da cidadania – principalmente em relação à homofobia, que já passou da hora de ser crime. A homofobia mata, fere, tira a dignidade das pessoas atingidas e causa estragos emocionais e físicos que podem ser indeléveis.

Então, ainda que hoje a homofobia não seja considerada crime inafiançável, como o racismo, trazer para o debate os exemplos onde ela ocorre dentro do ambiente de trabalho pode, no mínimo, pressionar empresas e gestores a pensar o assunto de maneira diferente.

E, embora não leve ninguém para a cadeia (ainda), a homofobia pode ser, sim, discutida nos tribunais, caso o profissional possa provar o assédio moral ou físico decorrido do comportamento inadequado de um colega, gestor ou chefe mediante a orientação sexual de alguém.

Como podemos ajudar a promover a inclusão LGBT dentro das empresas?

Se você também acha um absurdo que a luta pela inclusão LGBT seja desmerecida dentro ou fora das salas de reunião, parabéns: você está do lado certo da batalha.

E, para continuar promovendo a diversidade, que não pode gerar nada além de mais igualdade e crescimento humano, eis o guia básico de comportamento para não lutar contra a corrente. Você pode estudar suas atitudes frente a ele ou mostrar para aquela pessoa que precisa aprender a ver o mundo pelas lentes da atualidade, e não do passado.

  1. Acredite no potencial das pessoas e em sua capacidade profissional, pois são essas duas características que dirão qual é o profissional certo para cada tipo de negócio, e nenhuma outra. Deixar de contratar uma pessoa boa só porque ela dorme com alguém do mesmo sexo só vai te gerar prejuízo financeiro.
  2. Entenda que profissionalismo é uma coisa e opinião pessoal é outra. Se você tem uma religião, por exemplo, odiaria ver alguém te tratar mal no trabalho por causa da sua fé, certo? A mesma coisa serve para a galera LGBT. Uma coisa é a empresa ter um funcionário, hétero ou homossexual, que não traz os resultados esperados. Outra é acreditar veementemente que isso só acontece porque ele é gay. Ou evangélico. Ou vegetariano. Ou negro. (Insira aqui qualquer outra razão para disfarçar que você não sabe do que está falando.)
  3. Pare de ter medo. Pode parecer uma dica boba, mas é indispensável: não é porque alguém é gay, lésbica, travesti, transexual ou transgênero que a pessoa vai dar em cima de você na pausa para o café ou tentar te atacar no banheiro da empresa. Definitivamente, não é assim que as coisas funcionam – pelo menos não entre as pessoas corretas e de caráter, duas coisas que não tem absolutamente nada a ver com a orientação sexual delas.

Esse tipo de medo pode ser um reflexo de várias coisas, incluindo o excesso de autoestima (achar que todo mundo quer você o tempo todo) e o desejo oculto de também ter aquilo (ou o famoso “recalque”). De qualquer forma, esses medos são de sua responsabilidade, e não das pessoas com quem você deve lidar. Por isso, procure um profissional para te ajudar a superá-los.

Ou pare de ter medo, preconceito e ojeriza, porque isso vai fazer bem pra sua alma e, também, deixar sua marca frente à concorrência. Afinal, é bem mais fácil ganhar dinheiro nas empresas quando contamos mais com a força de trabalho das pessoas do que com a ideia sobre o que elas fazem depois do horário de trabalho.

Comentários (4)
  1. Sueli Santos disse:

    Assunto 1:
    Será que alguém pode me empregar? Ou indicar uma vaga de emprego. (Conto com a solidariedade de todos).

    Assunto 2: Também quero ser voluntaria em projetos sócias e no cvv.
    Bom dia !
    Tenho 58 anos, sou viúva, moro sozinha em São Paulo, Capital / SP!
    Será que alguém pode me empregar? Ou indicar uma vaga de emprego. (Conto com a solidariedade de todos).
    Estou desempregada, passando dificuldades, sou Coordenadora de Expedição, (18 anos), Analista de SAC, (03 anos) Operadora de maquinas, (05 anos) NÃO sou aposentada!
    Vocês podem me ajudar eu posso enviar meu currículo ? Tenho um bom curriculum.
    Estou pedindo humildemente ajuda de todos neste momento tão critico que estou passando.
    Mas também em meio a tudo isto quero ser solidaria ao próximo doando o que tenho de melhor em mim o meu tempo disponível.

    rafaellarodrygues1968@gmail.com
    Cel 1195770 3402
    Sueli Santos
    Muito obrigado.

  2. Sou Trans preciso ser inserida no mercado de Trabalho…

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