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ESG: uma empresa mais justa, diversa e sustentável

Imagine uma empresa que contrata moradores da comunidade onde está inserida e refugiados; que tem minorias em cargos de liderança.  A corporação prioriza a inclusão e a diversidade, além de se preocupar com a saúde física e mental de seus colaboradores. A organização trata os resíduos gerados pela produção, reaproveita a água da chuva e utiliza energia solar fotovoltaica.  

A instituição adota o regime de participação de todo o time na resolução de questões complexas e as altíssimas remunerações de seus CEOs cedem espaço ao pagamento de melhores salários aos colaboradores.  

Parece uma utopia, mas não é. Isso é apenas um exemplo de uma empresa que segue os critérios ESG. Originada do inglês Environmental, Social and Governance, a sigla refere-se aos aspectos Ambiental, Social e de Governança. 

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Ética e sustentabilidade

O século XXI é marcado por mudanças de paradigmas. Antes comprávamos produtos independente da forma como eram fabricados. Também adquiríamos ações visando apenas o lucro. Mas o tempo passou e muita coisa mudou: consumimos de modo mais consciente e investimos em marcas éticas, que possuem valor agregado. 

Nesse sentido, instituições que se encaixam nos padrões ESG saem à frente, pois a sigla é mais que uma tendência à medida que o termo é amplamente difundido pelo mercado financeiro em todo o mundo, e aparece frequentemente em notícias e publicações. Aliás, a temática possui um valor inegociável para consumidores e investidores atentos às diretrizes éticas e sustentáveis. 

ESG em números

A demanda dos investidores por aplicações que sigam os critérios ESG teve aumento exponencial em 2020 e 2021. No mundo, o patrimônio investido em fundos com foco no ambiental, social e governança corporativa é de aproximadamente US$ 2 trilhões. Os dados são do site Infomoney.

O relatório Total Societal Impact: A New Lens for Strategy, elaborado pela Boston Consulting Group (BCG), mostra que as práticas de ESG levam a resultados financeiros 3% a 19% melhores. Já o levantamento da Morgan Stanley revela que aproximadamente 80% dos investidores costumavam avaliar empresas sob aspectos de responsabilidade ambiental e governança para tomar suas decisões.

Segundo a Deloitte, a busca por títulos com a temática ESG aumenta no mercado financeiro.  Em 2020, essa categoria de títulos arrecadou US$ 490 bilhões. Ainda de acordo com a organização, no ano passado, os fundos de investimentos ESG receberam aporte de US$ 347 bilhões, e 700 novos fundos desse tipo foram lançados.

E tem mais: o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), que reúne empresas com responsabilidade ambiental, social e de governança corporativa, registrou variação de 276%, entre 2006 e a primeira quinzena de agosto de 2021. Em contrapartida, no mesmo período, o Ibovespa, que representa a média das principais ações na Bolsa, teve valorização de 255%.

Onde tudo começou

Se você acha que o ESG é um conceito novo está enganado. O termo foi criado em 1759 por Adam Smith, pai da economia moderna, para retratar a autocapacidade que o mercado tem para se regular sem a interferência do Estado.

Posteriormente, em 2005, o conceito foi utilizado pelo então secretário da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan. O representante da ONU solicitou aos investidores que incluíssem em suas análises de companhias os pilares da sustentabilidade e da boa gestão. Inicialmente, 23 empresas assinaram um documento com tais considerações.

A sigla ganhou força ao longo dos anos e, em 2019, diversos presidentes de corporações gigantescas perceberam que precisavam se autoavaliar. Foi então que 181 CEOs assinaram uma declaração comprometendo-se com os aspectos ambientais, sociais e de governança. Quando o movimento foi levado para a Black Rock, a maior gestora de investimentos do mundo, a sigla espalhou-se pelos quatro cantos do planeta.

Brasil

No Brasil, o ESG começou a ser abordado em 2005, a partir do relatório da ONU intitulado Who Cares Wins, porém o assunto foi pouco explorado nos anos seguintes. O conceito ganhou expressão em 2020, impulsionado pela pandemia de Coronavírus e pela imersão digital, que forçaram discussões e mudanças de comportamento. 

Para se ter uma ideia da importância do ESG em solo brasileiro, o tema passou de 3,4 mil citações em 2019 para mais de 22 mil citações no ano passado, ou seja, o volume de busca pelo assunto aumentou em 6 vezes. Entre as ações das marcas que mais se destacaram foram: apoio emergencial à Covid-19 e às comunidades do entorno, políticas de equidade de gênero, além de questões de governança e ambientais.   

Segundo a Deloitte, no ano passado no Brasil, os investimentos em títulos ESG somaram US$ 5,3 bilhões, representando mais que o dobro em 2019 (US$ 2,2 bilhões). E em janeiro de 2021, os títulos com a temática ultrapassaram a marca de 2020.

Selo ESG

Para obter o selo ESG, as corporações precisam prestar contas sobre seu trabalho em prol da sustentabilidade, da sociedade e da governança corporativa. A maioria das empresas fornece um relatório detalhado sobre isso. O selo é reconhecido pelos fundos de investimento, bolsas de valores e consultorias que produzem índices de ações.

ESG na prática

ESG está intrinsicamente ligado à construção de uma sociedade mais justa, igualitária, diversa e sustentável. Adaptações e adoção de práticas corretas são necessárias para organizações que desejam abraçar o tema, tais como:  gestão de resíduos sólidos; avaliação de riscos ambientais, de acordo com sua área de atuação; reciclagem; uso de energias alternativas; redução de desperdícios.

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Toda e qualquer corporação que pretende aderir ao movimento deve criar iniciativas para a acessibilidade; reduzir e, preferencialmente, eliminar preconceitos entre colaboradores; promover a participação dos funcionários em iniciativas sociais e filantrópicas. Com isso, as empresas conseguem eliminar barreiras para o seu desenvolvimento. 

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Instituições que adotam os critérios ESG precisam ter estratégias robustas em seus processos produtivos, para que cumpram os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. É imperativo que tenham transparência nos resultados e administração ética. Além disso, devem manter o controle à corrupção, criar canais de denúncia e realizar auditorias.

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